Com a moto aos soluços, com uma viagem complicada pela frente e com o mito instalado a volta da Reserva, restou-me rezar e pedir que conseguisse chegar a Manaus são e salvo… a moto logo se vê!
A progressão da moto é medíocre mas procurei não forçá-la nem sobreaquecê-la. Ao apertar a embraiagem nas reduções de velocidade, a mota desligava constantemente… que terror!
Quarenta km antes da Reserva encontro a linha do Equador… o GPS não falha e as imagens assim o confirmam. O calor é abrasador!
Arranco do ponto zero para sul e após 30 minutos de viagem avisto ao longe a entrada da Reserva Indígena da tribo dos Waimiri Atroari.
É um percurso de 124 km com uma estrada horrível em plena selva tropical com animais selvagens, vegetação verde, densa e com paisagens surreais.
Esta reserva alberga uma população com cerca de 200 indígenas, onde mantêm as suas tradições, apesar de se encontrarem “occidentalizados” de mais para o meu gosto. Não se pode parar, filmar nem fotografar. É muito restrito e quem não cumprir as leis, poderá sofrer represálias.
Arrisque e parei várias vezes, fotografei e filmei… nada me aconteceu. Vi alguns indígenas mas não tive oportunidade de fotografa-los, foi pena!
A estrada é um caos, toda esburacada, por vezes de alcatrão e com buracos abissais, todos tapados com água barrenta das chuvas torrenciais.
Passada a reserva decido continuar directo até o meu destino sem parar, tenho de chegar cedo para resolver o problema da moto.
Ao chegar fiquei pasmado, tinha uma ideia errada de Manaus… pensava que era uma cidadezinha um pouco maior que Boa Vista… Errado!
Manaus é uma metrópole com cerca de 2 milhões de pessoas, bastante industrializada e movimentada. É a capital do estado do Amazonas e o ponto de partida para a descoberta da selva. A cidade fica na confluência dos dois maiores rios do mundo – o Solimões (designação do rio Amazonas neste troço) e o rio Negro. O rio Madeira corre a jusante de Manaus e será o meu companheiro durante a travessia de 4 dias até Porto Velho.
Vendo tamanha confusão, tanta gente a circular pelas estradas e a mota sempre a desligar no pára-arranca começo a ficar realmente preocupado. Pergunto a um motociclista se existe algum concessionário da Suzuki e ele respondeu sem hesitar: ”sim meu velho, me siga que eu levo-o lá”. Palavras sagradas!
Passados uns minutos e com muita chuva encima chego ao concessionário Arena Motos, gerido pelo Rodrigo, um jovem extremamente profissional com uma equipa extraordinária. O meu primeiro contacto foi com o Samuel, que proferiu estas palavras: “não fique preocupado, você está em casa, pode deixar tudo aqui que ninguém mexe”.
Deixei o equipamento todo a confiança, inclusive a moto... (risos)
Tomei um cafezinho, troquei de roupa e depois de tudo tratado fizeram o obséquio de me levar até o hotel., que maravilha.
No hotel, negoceio o preço da melhor maneira e por fim oferecem-me as refeições durante a estadia.
Para quem viu o dia mal parado, correu melhor do que esperava.
Estou deslumbrado com a simpatia e a humildade destas pessoas, sempre muito atenciosas e disponíveis para ajudar.
Manaus

