sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Paraguay II – De Concepción até El Chaco

.
A região do El Chaco, situada ao Noroeste do Paraguay, caracteriza-se pelo clima agreste de uma região semidesértica num cocktail multicultural, com contrastes étnicos interessantes.
É uma zona onde ainda vive uma importante população indígena, misturada com um grupo designado de Mennonitas, vivendo em harmoniosa simbiose .
Através da imigração, a Igreja Irmãos Mennonitas expandiu-se para as Ámericas do Norte e do Sul. Em cumprimento à grande comissão do Senhor Jesus: "lde por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Marcos 16: 15), muitos missionários da América do Norte foram a outros países, especialmente da África e da Ásia, proclamar o evangelho da salvação. Assim, quando em 1930 um grupo de Menonitas de origem alemã veio da Rússia ao Brasil, o trabalho de pregação do evangelho foi iniciado com auxílio dos irmãos da América do Norte. A convite dos governantes daquela época, foi oferecida aos Mennonitas a oportunidade de trabalharem as terras, (até então improdutivas), com a possibilidade de usarem todos os usos e costumes, inclusive o próprio idioma.
.


Em Filadélfia, encontra-se uma importante comunidade de Menonitas, emigrados do Canadá existindo outras localidades onde se podem ver estes seguidores das doutrinas de Memmo Simon.


Loma Plata e Neu Halbstad, são esse exemplo.
Aproveitei para fazer “uma geral” na minha moto na Classic Moto em Loma Plata… ela merece uns miminhos, de vez em quando!


A norte de Filadélfia encontra-se um parque nacional, chamado de Defensores del Chaco (240 km) Este local foi palco de uma violenta batalha com os bolivianos, na década dos 30, sendo hoje uma reserva ecológica, muito semelhante com o Pantanal. Optei por não visitar… motivo: temperaturas entre os 40º/45º e $. Ao contrário do Pantanal, os custos são bem diferentes!

Passei a noite em Pozo Colorado num barraquinho sem luz, com muitos mosquitos e calor QB...

Dia seguinte: Asunción - 250 km

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Paraguay I – De Pedro Juan Caballero até Concepción

.
Chego a Ponta Porã, fronteira Brasil / Paraguay e depois de andar deambulando pelas ruas, um pouco desorientado, pergunto a um transeunte – pode-me dizer onde é a linha de fronteira? Onde se vai para o Paraguay? – e a resposta é a seguinte: señor, estamos en Paraguay! De aquel lado es Brasil!
.

O local resume-se ao seguinte: do lado esquerdo é o Brasil e no lado direito é o Paraguay… simples!
Não existe ponto fronteiriço, apenas a rua divide homogeneamente os dois países. Depois de me informar dos tramites legais, faço a saída na Polícia Federal (no último dia do visto), e passo para a Aduana Paraguaya… A atribuição do visto demorou apenas 5 minutos! Um simples carimbo com validade de estadia de 90 dias é suficiente, não é necessária a exportação temporária da moto e o seguro não é obrigatório… sem burocracias!
Volto para pernoitar no Brasil, ainda tenho uns reais no bolso para gastar e o alojamento pareceu-me bom. Descarrego o material e com o banho tomado decido passear um pouco pelo pais vizinho.
Do lado brasileiro tudo é muito comum – pudera... depois de 2 meses no Brasil! Mas do lado Paraguaio é o frenesim da venda ambulante, dos cd´s piratas, das marcas contra-fraccionadas desde perfumes, roupas, ténis e um sem fim de artigos (principalmente informática, tv, vídeo e telemóveis) a preços muito atraentes para os brasileiros, e não só! Fazer compras em Pedro Juan Caballero, no lado paraguaio, não deveria ser o único motivo da presença de milhares de “sul-mato-grossenses” e de outras regiões do Brasil durante todo mês na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguay.
A região tem também várias atracções turísticas que acabam por ficar para trás na lista de preferências dos turistas, normalmente acometidos pela compulsão do consumo no paraíso das lojas de produtos importados.
A 37 Km da Avenida Internacional que separa Ponta Porã de Pedro Juan Caballero está o Parque Nacional Cerro Corá, uma das áreas naturais mais importantes do Paraguai ainda desconhecidas da maioria dos turistas.

Além das belezas naturais da fauna e da flora o parque guarda a história de um dos locais mais emblemáticos da Guerra da Tríplice Aliança (1865 - 1870) que envolveu Uruguai e Argentina, sob o comando do Brasil, diante dos paraguaios. Foi lá, às margens do rio Aquidaban Nigui que o ditador Francisco Solano López morreu em 1º de Março de 1870 depois de ser atingido por soldados brasileiros, marcando o fim do sangrento conflito conhecido como a Guerra do Paraguai.


Na entrada do parque tive o segundo furo, sinal claro que está na altura de trocar o pneu traseiro – já rolou quase 16.000 km, com a ajuda das infinitas rectas de asfalto “ardente”, das pistas de “ripio” e das pontes artesanais. Vou aproveitar a benesse dos preços paraguaios para comprar um!
Depois do furo reparado, arranco directamente para Concepción, numa estrada bem asfaltada e com uma temperatura bem amena.

A cidade de Concepción situa-se ao norte de Assunção as margens do rio Paraguai.
O mais interessante desta cidade é a traça colonial, o mercado onde se pode adquirir artigos muito curiosos e o fim de tarde no rio, onde inúmeras pessoas desfrutam do por do sol espectacular, num banho de águas barrentas e com correntes fortíssimas, acompanhado do seu chá mate, ou Tereré – versão erva mate vs água gelada!

Fico a descansar no Hotel Victoria pela módica quantia de 7,50 € e preparo a rota para o dia seguinte… destino El Chaco!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Olhares do Pantanal

.
Desta vez não escrevo nada... palavras para quê?
.


.


.



.

O Pantanal

.
Ouvindo a sugestão do Luciano, interrompo a minha estadia em Bonito e decido passar uns dias no sul do Pantanal. A 280 km de Bonito, a Pousada de Santa Clara, um dos vários hóteis-fazenda espalhados pelo cerrado, proporciona um contacto com a natureza único, aliados ao excelente atendimento com a equação preço/qualidade bastante vantajosa.
.
http://www.pousadasantaclara.com.br/port.php
.
Atravessando a Serra da Bodoquena numa pista de terra com aproximadamente 70 km, chego a estrada principal que une Campo Grande com a cidade fronteiriça de Corumbá (Bolívia).
.

.
Num trecho asfaltado de aproximadamente 180 km, chego a entrada do Parque Nacional do Pantanal Sul, classificado pela UNESCO como Património Mundial.
..
A partir daqui, noutra pista de terra seca (graças a Deus) é só rolar e apreciar o que a natureza tem de melhor. Esta estrada é também chamada de trans-pantaneira e como a própria designação indica, durante a época de chuvas é praticamente intransitável, inclusive com veículos 4x4.
..
Neste percurso de 27 km até a Pousada já deu para sentir o “cheiro” da bicharada.
Considerada a maior zona húmida do mundo, o Pantanal constitui o habitat da maior concentração de animais do hemisfério ocidental. São inúmeras as aves que se reúnem aqui na estação seca,
.
.
além dos muitos répteis (jacaré),
.
.
mamíferos de grande porte (capivaras),
..
os macacos, as lontras
.
.
e antílopes,
.numa mistura de microclimas que transformam este local como o ponto quente do ecoturismo e o melhor local para observação de espécies em estado selvagem da América do sul. Quem faltou aos treinos foi a Onça (Jaguar) e a Sucuri (Anaconda).

Cada ponte de madeira esconde os segredos da natureza, cada charco de água é uma explosão de vida selvagem, com incidência nos jacarés e nas aves exóticas. É um equilíbrio certo, uma simbiose harmoniosa repleta de surpresas!
A viagem não foi muito fácil devido a concentração durante a condução. Rodeiras de camiões, pontes de madeira, cascalho solto e lama, proporcionam uma condução emocionante, mas por vezes perigosa. Os meus pneus já estão frágeis e não são os mais adequados para este tipo de terreno, portanto deixei a adrenalina e lado e a minha razão veio ao de cima. Ao atravessar numa das pontes, tive o meu primeiro furo da viagem, nada de mais… o pior foi colocar a moto no cavalete central, mas lá consegui!
Durante a estadia foram várias as actividades, desde caminhadas pelo cerrado, passeio de barco, pesca de piranha, cavalgada, jeep-safari com alojamento em quarto com A/C e 3 refeições, tudo pelo preço de € 35 por dia. Imaginem isto!
Quem ama a natureza tem de visitar obrigatoriamente o Pantanal, Bonito e todo o Mato Grosso do Sul… Vale bem a pena, sem dúvida!
.
Jacaré no Rio Abobral


.

Ponte sobre o Rio Miranda