Cuesta de Lipán e Salinas Grandes

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Em Purmamarca (que em língua Aimara significa povo do deserto) fico a descansar num camping simpático onde conheci um motociclista mexicano, o Pablo. Levanto-me bem cedo e aproveito para trocar umas impressões com ele, relativamente a rota que pretendia fazer. Ele já tinha passado por lá e dirigia-se para a fronteira da Bolívia.

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A manhã é solarenga e convidativa para andar de moto, mas antes de arrancar subo um pequeno morro para fotografar o Cerro de los Siete Colores… simplesmente fantástico!

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Com o pequeno-almoço tomado, decido arrancar em direcção a Paso de Jama, limite fronteiriço entre a Argentina e o Chile, a 4100 metros de altitude.
Pela Ruta 52, numa estrada bem pavimentada avisto no horizonte a Cuesta de Lipán.

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No cimo da montanha estava muito nublado mas achei que não chovia. Com a preguiça, decido não colocar o impermeável… má opção! Afinal não era chuva, mas sim neve. Com um frio de rachar a 4170 metros de altitude, com visibilidade nula, quase congelei em cima da moto.

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A cara e as mãos foram as que mais sofreram, mas valeu a pena a travessia. A vista é espectacular e a estrada serpenteando a encosta é de facto impressionante. Ainda bem que parei antes para fotografar porque senão teria de regressar para fazê-lo. Depois de passar pelo “túnel de congelação”, passo por Abra del Potrerillo em direcção das Salinas Grandes. Cruzando o entroncamento com a mítica Ruta 40, começo a rolar por uma grande recta até chegar as salinas.

As Salinas Grandes, as terceiras maiores do mundo, são uma boa extensão de terra (12.000 hectares) coberta de uma camada de sal, por vezes com 30 cm de espessura, incomparável ao Salar de Uyuni na Bolívia, mas de uma beleza singular. O contraste do negro asfalto, que rasga pela metade a branca superfície é espectacular.

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Os Hexágonos bem delineados no solo até parecem que foram feitos a mão e as pequenas piscinas, com água dum azul-turquesa, fazem-me recordar as ilhas paradisíacas do Caribe.
Aproveito para descansar e também para secar a roupa e aquecer o corpo. Tomo um cafezinho e decido não arriscar até a fronteira… sinto-me muito cansado.

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Vejo o mapa e defino o meu destino – Susques, uma pequena povoação (e última) situada a 125 kilometros do posto fronteiriço, muito pacata e rural que serve de aduana para os veículos que transportam mercadorias entre os dois países.

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Fico a descansar numa pousada simpática, mas um pouco cara… não tive outra opção. Como não tinha garagem para guardar a moto, optei coloca-la num lugar mais seguro… no posto da polícia local… muito amáveis!

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Na manhã seguinte fiz uma caminhada pelo vilarejo, por ruas solitárias mas muito bonitas e singulares onde encontrei uma humilde igreja do século XVI – Nossa Senhora de Belém, feita de barro, palha e de madeira de Cardón…. Magnífico!