sexta-feira, 3 de julho de 2009

Cruzando o Rio de la Plata até ao Uruguay

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Chegamos ao porto de embarque da Buquebus no "red line". Sem os bilhetes comprados com a devida antecedência (como todo bom portugues) e com muito stress a mistura, conseguimos contornar a situação. Fizemos a saída do país e compramos os bilhetes em tempo record, entrando no ferry mesmo na queima… nem sequer tivemos tempo para a foto da praxe.
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Buenos Aires no Horizonte
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Nesta embarcação moderna e confortável numa travessia de aproximadamente 45 minutos, atravessamos o Rio de la Plata até a povoação uruguaia – Colónia del Sacramento.
Os trâmites de entrada foram rápidos, concedendo-nos na fronteira um visto de entrada e a importação da moto por um ano... Nada mal!

Colónia del Sacramento, colonizada e fundada em 1680 por portugueses e tremendamente discutida com os espanhóis durante quase um século, é de facto o lugar mais interessante e pitoresco das margens deste enorme rio.
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Ordem de S. Francisco Xavier
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Com marcas visíveis de arquitectura colonial, com um charme muito nostálgico e com um pôr-do-sol único fazem deste património da humanidade um pedacinho de terra genuíno.


Para quem gosta de tranquilidade e de repouso seguramente encontrará neste lugar esse desejo… foi pena não podermos desfrutar mais deste pequeno paraíso plantado a beira-rio.
A hospedagem e alimentação é um pouco mais cara mas tudo o que visitamos valeu a pena, talvez devido a época baixa… apesar dos preços é altamente recomendável!

Logo pela manhã avançamos até Punta del Este, fazendo uma breve passagem pela capital – Montevideo.
Como era fim-de-semana, a cidade encontrava-se praticamente deserta mas apesar disso, valeu a pena a passagem. Menos povoada e movimentada do que as outras capitais “sudaméricanas”, esta cidade possui uma traça colonial bem preservada com edifícios modestos… mas existe uma certa “desarrumação” principalmente na parte que bordeia a baía e o porto.
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Palacio Salvo - Montevideo
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Fizemos uma pequena paragem para almoçar num lugar especial – Mc Donalds… de vez em quando sabe bem comer um pouco de lixo franchisado!
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Já com a “refeição” em dia, rolamos uns kilometros numa pista espectacular até o nosso destino – Punta, como é mais conhecida nestas paragens.

Esta península não passa de um local turístico e badalado com boa infra-estrutura e preços mais elevados. É um ponto quase obrigatório de turistas, sobretudo argentinos e brasileiros, que aproveitam as suas praias no período de verão, abarrotando todo o alojamento e comércio, comparável com o nosso Algarve em Agosto!

Passamos aqui dois bons dias, preparando o próximo destino... cruzar a fronteira de Chui, a caminho do Rio Grande do Sul - Brasil.

Fizemos um pequeno desvio e paramos para descansar em Punta del Diablo, uma pequena povoação piscatória, muito pacata, pouco comercial com uma praia divinal, aconchegante, com muito peixe fresco e surfistas apaixonados pelo mar ondulado de um azul profundo e cristalino.

Descanso do "chauffeur"

Num ápice chegamos a fronteira com um sentimento estranho… cruzamos um país em quatro dias, sem poder degustá-lo como um bom néctar, numa análise extra-sensorial . De facto o Uruguay é um país de belos contrastes, de gente pacata e afável que desperta em mim uma vontade enorme de regressar, talvez por ter uma veia histórica Lusitana ou por ter sentido um “dèjá-vu”, como se de vidas passadas se tratasse, numa espécie de chamamento virtual.

Resta-me aguardar pelo retorno e continuar a viagem em boa companhia até a ilha de Santa Catarina.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Mi Buenos Aires querido – Parte I

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Após dois dias de condução extrema e com 1500 kilometros rodados com muito sacrifício, chego a cidade “da luz” sul-americana, berço do Tango, dos bairros emblemáticos polvilhados de cultura e tradição, numa característica única de metrópole activa, cosmopolita e boémia.
Chego num sábado e o transito é caótico… imagino o que será chegar numa hora de ponta durante a semana… completamente surreal! Com o gps apontado para o meu destino – Dakar Motos, e sem falhar uma única rua, encontro a oficina do Javier, bastante conhecida no mundo dos motociclistas, onde acolhe dezenas de viajantes sedentos de aventura e de adrenalina.
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Depois das apresentações, tomo um banho rápido e organizo os meus pertences… o tempo urge e tenho partir imediatamente até o bairro de S. Telmo, onde me irei encontrar com o Pedro, grande amigo e companheiro de viagens!
Opto por deixar a moto na oficina e desloco-me de comboio até a estação do Retiro. Durante uma semana ficamos hospedados no Hostel Sandanzas, no coração de S. Telmo, um bairro típico e ponto obrigatório de passagem de “turistas megapixels”. Este hostel bem acolhedor e organizado foi recomendado por um casal de motociclistas alemães e vale mesmo a pena, não só pela localização, mas sobretudo pelas proprietárias, jovens “porteñas” que interagem com os seus hospedes duma forma muito especial e que nos acolheram muito bem (também merecíamos isso) … um beijo especial para a Verónica e a Irene. Deveras incansáveis!
Seguindo a sugestão da Ire, aproveitamos para conhecer o emblemático bairro de La Boca, catedral do futebol argentino, palco de lutas titânicas e rampa de lançamento do astro - “El Pibe”… Diego Armando Maradona.
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Visitamos o estádio e percorremos as pitorescas ruas de El Caminito, cheias de vida e cor, num frenesim comandado pelas melodias do Carlos Gardel misturadas por vezes com batidas electrónicas de Gotan Project e Bajofondo.
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As danças tradicionais das pampas, com os seus trajes característicos deliciam “os gringos” e o som do Tango-Milonga proporcionam movimentos de sedução e cumplicidade por quem o dança de forma sentida, numa espécie de “fado- bailado” com coreografias sensuais e íntimas. Fiquei completamente rendido ao encanto!
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Nos dias seguintes encontramo-nos com alguns amigos, conhecidos em Humahuaca durante o carnaval. Estivemos no atelier do Javier, jovem escultor de um talento extraordinário e aproveitamos o dia para conhecer Palermo, bairro mais moderno e chique com muito comércio, restaurantes e bares numa panóplia de contrastes europeus.

Fizemos um “tour” pela Recoleta, considerado um dos bairros mais nobres da capital, numa ampla avenida movimentada e com uma traça arquitectónica muito familiar.


Após uma semana de estadia nesta fabulosa cidade cheia de vida, sempre acompanhados de gente simpática e acolhedora, chega a hora de partir, desta vez para o Uruguay, numa travessia de Ferry até Colónia del Sacramiento.

Uma viagem “Coast to Coast”

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Depois de uma grande despedida de Valparaiso, “quase morto” e destroçado pelo excesso de "alegria etílica", ponho-me a caminho para a viagem mais dolorosa do meu projecto. Deitei-me muito tarde, dormi pouco e a vontade de rolar é equivalente “a zero”… mas a obrigação aperta e o timing é curto!
Por uma estrada de montanha bastante sinuosa de curvas infindáveis e acentuadas, conhecida por Caracoles, numa paisagem de cortar a respiração, chego ao limite fronteiriço em pleno Cerro Aconcágua.
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Este ponto da cordilheira andina tem 6.962 metros de altitude, e é simultaneamente o mais alto das Américas, de todo Hemisfério Sul e o mais alto fora da Ásia . Fica localizado nos Andes Argentinos, a cerca de 112 km da cidade de Mendoza. O frio é muito e o vento forte corta a pele como lâminas incandescentes, mas o cenário é de facto impressionante. Os topos cobertos de neve e a neblina tímida sempre presente proporcionam imagens de tranquilidade e de grandiosidade. Sentimo-nos pequenos e insignificantes nesta massa de montanha, numa altitude que nos faz respirar ofegantemente e onde a natureza selvagem domina nossos sentimentos.
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Uma parte da passagem da cordilheira é feita pelo Túnel do Cristo Redentor, a 3185 metros de altitude sobre o nível do mar. Esta passagem subterrânea com 3 kilometros de comprimento rasga a cordilheira e é linha fronteiriça entre os dois países.
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Chego a aduana argentina no início da tarde e a burocracia habitual é executada dentro da normalidade. Com tudo tratado e com Mendoza tão próxima, continuo a viagem com a ansiedade de chegar rápido ao meu destino, para saciar a minha fome e descansar o meu corpo… o dia que se segue é longo e a distancia que me separa da capital é enorme – 1100 kilometros ou 13 horas de viagem… o que será mais doloroso? o tempo ou a distancia? Não faço nem ideia do que é conduzir durante tanto tempo mas quem corre por gosto, não cansa!

sábado, 6 de junho de 2009

Museu Fonck em Viña del Mar

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Fundado em 1937, este espaço retrata a pre-história andina, as culturas Rapanui, Aimara, Atacameña, Mapuche e do extremo Sul de Chile. Muito bem equipado com peças genuínas do espólio cultural chileno de um valor incalculável, fazem deste museu um dos mais visitados e conhecidos de Viña del Mar.
Para mais informações deixo este link, vale a pena.... http://www.museofonck.cl/menu.html
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Índios Jívaros - Os caçadores... e coleccionadores de cabeças humanas!!

Esta tribo situada no Amazonas Equatorial, tinham uma pseudo-religião que era baseada nos atributos do diabo, que era todo poderoso em todas as tomadas inferiores, mas não era particularmente adicto ao mal para sua própria causa.
.Nenhum projecto importante é empreendido sem a consulta ao diabo; nestas consultas, eles utilizam um determinado extracto que contém um princípio narcótico muito poderoso, que produz alucinações de uma maneira comparavél a ópio e/ou marijuana.
Quando sob influência desta bebida narcótica passavam-se de 4 a 5 horas imaginando estar conversando com o diabo, aonde nesta conversas eles eram treinados para a guerra e para a caça. Ao final da caçada dos índios Jívaros aos seus inimigos mortos tinham suas cabeças cortadas fora, onde sua pele era aberta acima da base da garganta a coroa e então era removido o crânio inteiro, preservando apenas a pele com suas particularidades, como cabelos, sobracelhas, bigodes e barbas, em seguida a pele com as particularidades era banhada em um extracto vegetal e após a cavidade era preenchida com areia quente, após alguns dias a cabeça encolhia a um grau inacreditável adquirindo mais ou menos o tamanho de "um punho de homem".

Analisando essas cabeças observa-se que os olhos e a boca eram costurados, o motivo desse ritual era que os índios Jívaros acreditavam que retirando a cabeça e realizando o cerimonial o espírito do inimigo não mais o incomodaria. Após o preparo das cabeças dos inimigos mortos começava a segunda parte do ritual que ocorria no espaço de um mês mais ou menos, aonde havia um festejo e uma dança cerimonial aonde aconteciam orgias e embriaguês.
Após este festejo era possível comprar a cabeça do Jívaro.
Este acto selvagem da cultura destes índios gerou o interesse do mundo exterior, aonde houve um comércio mórbido de cabeças humanas, onde tornou-se necessário a intervenção do Governo Equatoriano proibindo o tráfego destes objectos.
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